A Fifa permitiu que seis baianas, apoiadas por uma equipe que
totaliza mais de 20 pessoas, entre ajudantes e operadoras de caixa, vendessem
acarajé no interior do estádio.
Antes mesmo de conhecer o
resultado do jogo entre Nigéria e Uruguai, nesta quinta-feira, o primeiro da
Copa das Confederações na Arena Fonte Nova, em Salvador, a carioca Rita Santos,
de 56 anos, já sabe de quem é a vitória.
A conquista é dela mesma: após oito meses de
reivindicação balizada por amplo apoio popular, especialmente nas redes
sociais, Rita convenceu a Fifa a franquear às baianas que vendem acarajé o
acesso ao interior do estádio Fonte Nova, em Salvador, para a Copa das
Confederações.
A carioca, radicada na capital baiana há mais de
duas décadas, é presidente da ABAM, Associação das Baianas de Acarajé, Mingaus,
Receptivos e Similares do Estado da Bahia.
A queda de braço entre Rita e a entidade esportiva
começou em outubro do ano passado.
"Estava no aeroporto do Rio de Janeiro quando
um jornalista de Salvador me perguntou se as baianas haviam sido contempladas
na praça de alimentação do estádio. Fiquei atônita e disse que não",
afirma ela à BBC Brasil.
A partir do telefonema, Rita mobilizou-se a favor
de uma tradição que há décadas se confunde com a própria história do Fonte
Nova: a venda de acarajés por baianas no interior do estádio.
"Após a reinauguração, baianas que há 60 anos
trabalham no local não teriam mais de onde tirar seu sustento", afirma.
Para reverter a decisão da Fifa em prol de sua
comunidade, ela conversou com políticos e lideranças locais, além de recorrer
às redes sociais.
Rita conseguiu acesso ao Fonte Nova para vender
acarajé
Mas o ponto de inflexão ocorreu ao ser contatada
pela equipe brasileira da Change, uma plataforma de petições virtuais sediada
nos Estados Unidos e internacionalmente conhecida por dar amplitude aos mais
diferentes tipos de causas, desde a fabricação de sutiãs para mulheres
mastectomizadas ao reconhecimento da Palestina como estado-membro da ONU.
Juntos, decidiram lançar um abaixo-assinado online
sobre o pleito. À reivindicação na web, seguiram-se inúmeras reuniões táticas
para angariar maior apoio popular.
A investida deu certo. Em abril deste ano, durante
a inauguração oficial do Fonte Nova, que contou com a presença de grandes
figurões da política nacional, Santos e outras 80 baianas distribuíram
gratuitamente acarajés nas imediações do estádio e entregaram a petição
assinada por mais de 17 mil pessoas a um assessor próximo da presidente Dilma
Rousseff, também presente no evento.
No início de junho, veio a vitória. A Fifa permitiu
que seis baianas, apoiadas por uma equipe que totaliza mais de 20 pessoas, entre
ajudantes e operadoras de caixa, vendessem acarajé no interior do estádio.
"O perfil ativista de Rita, que sempre
demonstrou muita garra, certamente foi um fator preponderante para o sucesso do
pleito", afirmou Lucas Pretti, coordenador de campanhas da Change no
Brasil.
Rita, entretanto, quer mais. A Prefeitura de
Salvador ainda não permitiu a venda de acarajé pelas baianas nas imediações do
estádio.
"Queríamos a autorização para que dez de nós
pudessem vender acarajé do lado de fora", diz ela.
"Além disso, ainda não sabemos se poderemos
vender dentro do Fonte Nova durante a Copa de 2014".
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