Cuide do seu dinheiro.
Dinheiro
é problema ou solução? A resposta é: depende da relação que se tem com ele.
Para quem tem disciplina e evita contrair dívidas, dinheiro pode significar a
realização de um sonho. Por outro lado, se for mal gerenciado, só traz dor de
cabeça.
Especialistas
ensinam medidas que ajudam o cidadão a evitar acúmulo de dívidas
Para
ajudá-lo a administrar melhor a renda e garantir que ela seja suficiente para
cobrir seus gastos mensais, o Portal Brasil ouviu quatro
especialistas em finanças que deram dicas sobre como cuidar melhor de sua
renda, evitar contrair longas dívidas e aproveitar melhor os benefícios que uma
vida financeira estável pode proporcionar.
Trace
objetivos
“Primeiramente
a pessoa tem que definir o objetivo, o sonho que ela quer realizar com seu
dinheiro, para não sair gastando em coisas que não agregam valor ou que não
sejam importantes. Se ela definir que quer viajar no fim do ano, ela tem de
guardar o dinheiro para evitar dívidas e juros”, ensina o educador financeiro
Edward Cláudio Júnior.
Fuja das
dívidas
“É
fundamental ter em mente que é preciso gastar menos do que se ganha. Elaborar
um orçamento e cumpri-lo. Haverá necessidade de ter disciplina, mas isso pode
ser apenas uma questão de tempo. Em muitos casos, uma situação financeira
desequilibrada decorre de maus hábitos, que precisam ser combatidos. Mudar a
cultura de ‘gastador’ para a cultura de ‘economizador’ nem sempre é fácil. Mas,
com educação financeira, essa mudança pode ser feita de forma consciente e
menos dolorosa”, aconselha Carlos von Sohsten, educador financeiro e autor do
livro “Como cuidar bem do seu dinheiro”.
Para onde
vai o dinheiro?
“O
princípio do controle financeiro é saber para onde o dinheiro vai. Tudo começa
com você guardando notas fiscais e os comprovantes de pagamentos que você faz.
Depois você precisa definir um dia da semana qualquer em que vai colocar tudo
isso em uma planilha, seja ela eletrônica ou não. Essa é uma parte que não é
fácil de fazer porque ela é um pouco mais trabalhosa, mas o resultado é
positivo. Se não fizer isso, não é possível saber para onde o dinheiro vai. Uma
pessoa que ganha por volta de R$ 5 mil e não faz este controle talvez não saiba
para onde vai 20% de sua renda”, explica Jurandir Sell Macedo, professor de
finanças pessoais da Universidade Federal de Santa Catarina.
Remando
para um mesmo lugar
“Tente
conversar com a família sobre os objetivos com relação ao dinheiro e como está
o orçamento familiar. Para isso, é necessário um orçamento familiar doméstico,
que pode ser numa planilha ou um caderno. Não é preciso muita sofisticação, mas
tem de ser qualquer coisa que registre todas as entradas e saídas de dinheiro.
Assim, a pessoa consegue enxergar se todo mundo está remando para o mesmo lado.
Normalmente, as pessoas acreditam que melhorar um orçamento significa reduzir
as despesas. Mas também é possível aumentar a receita. De repente, pode usar as
habilidades da família. Por exemplo, um filho é músico e pode dar aulas, outro
que cozinhe muito bem e consiga vender comida para outras pessoas”, sugere o
consultor financeiro Valter Police Junior.
Regime do
dinheiro
“As
pessoas querem milagres. É o mesmo que regime. Ninguém consegue emagrecer se
não gastar mais calorias do que ingere. A ideia é básica: ou eu gasto mais
calorias fazendo exercício ou vou ingerir menos (calorias) comendo menos. O
mesmo acontece com a independência financeira. Qual objetivo de você ter
controle financeiro? A maior parte acha que é cortar gastos. Aí o erro é
grande, o objetivo é gastar melhor. Para ter as finanças controladas devo
cortar o supérfluo? Não obrigatoriamente. O que se deve cortar é o desperdício.
Gastar melhor é fazer escolhas, pois cada pessoa tem diferentes gastos, que são
melhores ou piores para ela. Olhe para onde você pode gastar melhor, onde isso
pode melhorar a sua vida. Todos nós desperdiçamos: água é fundamental para a
vida, mas uma torneira pingando é desperdício”, diz o educador financeiro
Jurandir Sell Macedo.
Financiamentos
e parcelas
“Outra
dica importante é tomar cuidado extremo com financiamentos e compras
parceladas. Isso não quer dizer de forma alguma para não fazê-los. Mas é
preciso avaliar se vale a pena. Um carro financiado custa muitas vezes o valor
de três carros, da mesma forma que um aparelho de som financiado custa dois. E
sobre contas parceladas existe um risco grande. Normalmente não entra na nossa
cabeça que aquilo comprometeu o salário dos meses seguintes e o cidadão esquece
que, por isso, sua disponibilidade financeira será menor até quitar esta
dívida”, explica Valter Police Júnior.
Conhecimento
“Infelizmente,
não nos ensinam como cuidar do nosso dinheiro na escola, embora isso esteja
mudando. Existem excelentes livros disponíveis. Eu mesmo comecei assim. Depois,
foi só questão de botar em prática. Em dez anos, minha vida financeira havia
revertido de uma situação de endividamento caótico para uma situação
confortável e sustentável”, relata Carlos von Sohsten.
Supermercado
com lista e sem fome
“Para
compra de supermercado, a primeira coisa é providenciar uma lista de tudo
aquilo que você precisa para não comprar algo que já tenha em casa. Não faça as
compras com fome, porque você pode levar algo de que não precisa e os gastos
acabam sendo maiores. Ao levar crianças às compras, procure combinar
previamente com elas o que será possível comprar. A comparação de preço é
interessante, mas não fique escravo da rotina de visitar quatro estabelecimentos
diferentes, talvez o gasto com deslocamento não compense. O que aconselho é
quebrar suas compras semanalmente, compras pequenas para ter aquilo que você
necessita e que possibilita aproveitar promoções”, afirma o educador financeiro
Edward Cláudio Júnior.
Consumir
com prazer, sem vício
“O que a
gente busca é gastar naquilo que melhore a nossa vida e não prejudique os
outros e o meio ambiente. Consumir é algo muito bom. Se vivêssemos apenas com
aquilo que é necessário, estaríamos em uma caverna ainda. Nossa sociedade se
constrói em cima daquilo que é supérfluo. O que é errado é gastar para
desperdiçar ou se viciar em consumo”, diz Jurandir Sell Macedo.
Cartão de
Crédito e Cheque Especial
“Use o
cartão de crédito como uma ferramenta de organização. Eu junto tudo para pagar
em uma mesma data e tenho registro de tudo que gastei. Mas evite usar o cartão
de crédito como fonte de financiamento. Usar o cartão e não pagar a fatura
total costuma ser um erro. Se eu não pagar o total, não deveria usar o cartão
de crédito, ele não serve para isso. Se você utiliza cheque especial por mais
de uma semana por mês, procure o seu banco para tentar um empréstimo e quitar o
cheque especial. Sai bem mais barato. Juros do cheque especial giram em torno
de 10% por mês, enquanto o empréstimo é de 4 a 5%”, diz Valter Police Júnior.
Quanto
investir
“O ideal
é investir no mínimo 10% do que se ganha para o futuro. Parece impossível?
Saiba, entretanto, que não é. Mas, se para você parece impossível hoje, é o
sinal mais importante que você precisa mudar e aprender mais sobre como cuidar
do seu dinheiro. Recomendo que 100% do que você ganha seja utilizado de forma
econômica e inteligente”, diz Carlos von Sohsten.
Investimentos
sortidos
“Para
buscar a independência financeira é preciso saber investir. Qual o melhor
investimento? Não há resposta, todos são bons. Tem um para cada perfil. Uma
mesma pessoa tem que ter várias opções de investimentos, desde a poupança até
mesmo ações”, afirma Jurandir Sell Macedo.
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