O mundo não está em condições de enfrentar novos impactos de grande dimensão. Isso é preocupante, mas não é tempo para o pessimismo. Também não é tempo para um otimismo irracional. É tempo para o realismo.
Estão ocorrendo mudanças. As bolhas
estouram. As formas de fazer as coisas demonstram serem insustentáveis e as
respostas inadequadas. A História está cheia de exemplos de pessoas que
fracassaram enfrentando um mundo em mudança. 1876 não foi um bom ano para os
samurais japoneses, como ilustra graficamente o filme “O Último Samurai”.
Apesar de viverem em uma sociedade forte e instruída, não se saíram tão bem
quando se viram confrontados às mudanças. Tinham operações lean e estavam
tecnologicamente avançados, mas tinham perdido a visão geral das coisas.
Com a
atual crise econômica ameaçando a economia mundial, estamos nos aproximando de
uma situação ‘Último Samurai’ moderna? É possível que toda a economia mundial
não esteja sob uma ameaça imediata, mas muitas empresas estão em risco de
ameaça juntamente com muitas formas “globalizadas” de fazer as coisas. Assim,
quais são as grandes questões que a economia mundial e as empresas em
particular necessitam preparar para enfrentar esta situação a fim de assegurar sua
sobrevivência futura? Para ter um pouco de perspectiva, vejamos alguns dos
grandes números:
50.000.000.000.000: é a dívida
pública global em US$
Apesar
das medidas de austeridade, esta cifra continua a crescer e é tão grande que,
internacionalmente, não existe um único modo de apresentá-la. Nos países de
“pequena escala”, é de 40 trilhões; nos países de “grande escala”, é apenas de
40 bilhões. Onde quer que esteja, é uma dívida enorme – coberta pelos impostos
que uma parte da população pode pagar sem se opor. Com níveis de dívida pública
dos países desenvolvidos de 20.000 a 80.000 dólares por homem, mulher ou
criança – que irão requerer décadas para sua devolução mesmo se o gasto for
congelado e o crescimento econômico mantido –, é isto um “mercado de alto
risco” de âmbito nacional? Tais cargas terão um impacto enorme sobre a economia
global – e na evolução dos países emergentes.
O
sólido crescimento anual do PIB da economia brasileira de 2002 a 2010 é de 4% –
que depois caiu rapidamente para 0,9% em 2012. Esta queda é alarmante, visto
que, com uma educação de baixo nível, infraestruturas limitadas e uma
burocracia complexa, a produtividade do trabalhador médio do Brasil é apenas a
quarta parte da produtividade de um trabalhador dos EUA. As expectativas eram
altas em relação ao Brasil e, por isso, o país não pode estagnar se ele ainda
busca ter maior influência econômica global – e portanto geopolítica. Ou está
destinado o Brasil a ficar atrás das estrelas em ascensão de outros países do
grupo BRIC?
Dez ameaças globais
Já o
destino de nosso mundo globalizado vai além dos motores econômicos. Atrás da
atual tempestade econômica e das mudanças geopolíticas, há outras nuvens
cinzentas no horizonte. Mais dez tendências globais poderiam jogar ainda mais
água fria na atual forma globalizada em que nos relacionamos economicamente:
- Das
100 primeiras companhias dos anos 1960, 66% não conseguiram sobreviver sãs e
salvas ao século XXI – incapazes de lidar com as tecnologias disruptivas. Os
fabricantes de máquinas de escrever tiveram um destino similar quando encararam
os processadores de texto para PC. Qual é o potencial destrutivo da
transferência de energia sem fios ou dos remédios anti-envelhecimento?
- 50%
é a probabilidade atribuída pela comunidade científica a um aumento de 5 graus
da temperatura global. Dados que abrangem mais de 1.300 anos indicam que a
mudança climática é inequívoca.
- 1% é
a quantidade de água da Terra diretamente disponível para o consumo. 70% desta
água é utilizada na agricultura. Após décadas de melhoras na irrigação, a
escassez de água está envolvendo agora aumentos de preços dos alimentos e
desnutrição.
- 16%
dos adultos do mundo são analfabetos – incapazes de ler publicidade ou de
utilizar uma conta bancária. Os baixos níveis de educação serão uma barreira
para resolver os problemas do século XXI.
- De
6,8 a 9,2 bilhões: é o aumento previsto da população mundial para o ano 2050,
com a maioria deste crescimento nos países em desenvolvimento. O envelhecimento
da população nos países desenvolvidos envolverá baixos índices de apoio dos
trabalhadores aos idosos.
- De
69 a 122 milhões: é a cifra de mortos em guerra durante o século XX.
Atualmente, os serviços de inteligência avisam que o século XXI vai ser menos
seguro – com uma agenda social com profusão de guerras, terrorismo, agitação
social, crime organizado e proliferação nuclear.
- 50%:
é o crescimento da demanda de energia desde 1980. Isto irá continuar, exercendo
uma grande pressão nos combustíveis fósseis – que ainda representam 90% do
consumo global de energia.
- 40%:
é a redução da biodiversidade desde 1970. Em 2050, a “pegada” humana irá usar o
equivalente a duas Terras para suportar atividades crescentemente
insustentáveis.
- 34%
dos menores de 14 anos dos países pobres morrem de doenças tratáveis, como a
diarreia. Vistos os padrões de saúde em mudança, viver nos países ricos é uma
ajuda, mas não uma garantia de boa saúde.
- 200
milhões de pessoas por ano estão afetadas por desastres naturais – um aumento
significativo comparado com os 50 milhões de 1970 e o resultado de cidades mais
povoadas, mau planejamento urbano, destruição de reservas naturais e a mudança
climática.
É tempo para o realismo
Perante
estas tendências globais, o Fórum Econômico Mundial informou: “O mundo não está
em condições de enfrentar novos impactos de grande dimensão.” Isto é
preocupante, mas não é tempo para o pessimismo. Também não é tempo para um
otimismo irracional. É tempo para o realismo. O verdadeiro desafio que está a
nossa frente é olhar além dos problemas econômicos imediatos e contemplar a
visão geral da forma necessária – holisticamente. Todas as tendências acima
referidas se encontram relacionadas, de modo que, com uma gestão cuidadosa,
existe a oportunidade de ‘matar vários pássaros com uma pedra’ – uma infeliz,
mas adequada, metáfora. As empresas e a economia mundial enfrentam enormes
ameaças, mas também temos grandes oportunidades a nosso alcance. A visão será
crucial – como foi ao longo da História.
As
últimas décadas foram excepcionalmente tranquilas, mas as mudanças ocorrem. É
necessário que esteja preparado para isto – ou então corre o risco de se tornar
um Último Samurai.
Fonte: www.administradores.com.br
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